O campeonato de surfe mais tradicional do Brasil, o Hang Loose Pro Contest, vai completar dez anos de realização ininterrupta na Ilha de Fernando de Noronha em 2009. Para comemorar uma década de sucesso, a competição cinco estrelas que distribui US$ 120 mil de premiação e dá ao campeão 2.000 pontos no ranking do World Qualifying Series (WQS), decidiu homenagear um dos ícones da cultura nordestina, J. Borges, conhecido nacionalmente pela habilidade de criar xilogravuras.
Mas o filho do município de Bezerros não será apenas homenageado. Ele foi o responsável por criar toda a identidade do evento comemorativo aos dez anos. Ele criou o cartaz, o palanque, os troféus e tudo que diz respeito à imagem do Hang Loose Pro Contest. Como a competição é conhecida internacionalmente e é considerada como uma das mais disputadas pelos competidores de dezenas de países, a expectativa é que a arte de J. Borges seja conhecida por representantes de todos os continentes.
O interessante é que a xilogravura chegou por acaso à vida do artista pernambucano. Conhecido pelas mais de 200 obras de cordel, ele só foi descobrir a arte quando, sem dinheiro para comprar as chapas de zinco que serviam de base para a confecção das capas dos cordéis, pegou um pedaço de imburana e talhou a fachada de uma igreja. Surgia aí o principal nome da xilogravura brasileira, de acordo com seu padrinho, o escritor Ariano Suassuna.
O desenho da igreja estampou a capa de segundo trabalho de J. Borges. A partir daí ele seguiu colocando na madeira o ideário sertanejo: o diabo, Lampião, prostitutas, vaqueiros, festas de São João.
Além de ser conhecido e reverenciado em todo o Brasil por artistas plásticos, intelectuais e marchands, que encomendavam xilogravuras para fortalecerem seus trabalhos, J. Borges foi convidado para dar palestras nos EUA, na França, na Venezuela e na Suíça. Nesses locais, ele deu aulas sobre xilogravuras e cultura do cordel com a ajuda de tradutores.
Exposições do pernambucano estiveram presentes no exterior: em 1992, na Galeria Stähli, em Zurique, e no Museu de Arte Popular de Santa Fé, Novo México. Sua arte também já dividiu espaço no Museu do Louvre com Leonardo da Vinci e Botticelli. Apenas em uma turnê, J. Borges percorreu 20 países europeus.
A mídia internacional também já se rendeu ao homenageado do Hang Loose 2009. Em 2006, o filho de Bezerros foi tema de uma reportagem no jornal “The New York Times”, quando foi apontado como um gênio da arte popular. Um lote de xilogravuras de sua autoria foi arrematado por US$ 30 mil num leilão nos Estados Unidos, mas o dinheiro foi para um colecionador que garimpa obras de artistas populares.
Para finalizar uma biografia repleta de boas histórias, J. Borges foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e ainda recebeu o prêmio UNESCO na categoria Ação Educativa / Cultural. Em 2002, foi um dos 13 artistas escolhidos para ilustrar o calendário anual das Nações Unidas. Sua xilogravura A Vida na Floresta abre o ano no calendário.
Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
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